Quero muito que ouças meu coração
Ele fala em linguagem própria
Não repete frases, não versa ou ora
Mas grita, cadenciadamente, um refrão.
E são em segundos, não minutos ou horas
Que sempre traduz e transforma aquilo tudo
Que, como turbilhão, se impõe e arvora
Dentro de um peito frágil e minúsculo.
Sem rimas maltratadas, sem lutas sangrentas
Apenas um instante em passadas lentas.
Não seria, assim, mais razão para tanto pudor
Falar por inteiro que amor é o que o poeta sente
Sem amarras, sem mordaças, sem correntes.
Ailton São Paulo