Aos poucos teus olhos se fecharam... Lá fora, apenas os pingos da chuva de encontro ao vidro da janela. A rua já não estava viva e o vento, forte, assoviava bem próximo. Em nosso canto, silêncio, apenas, e de vez em quando, algum clarão vindo da rua... Provavelmente dos faróis de um carro em cujo interior encontrava-se alguém que, sob a chuva, desejava desesperadamente chegar em casa. No mais, tudo era silêncio.
Dentro do meu coração, porém, havia festa, havia sol, havia tantos sonhos a bailarem como em um salão habitado por anjos. Em meu peito, a felicidade de ter você tão perto, assim, inteiramente entregue a um sono de gente. Então, não pude resistir e, encostando meus lábios bem próximos de tua alma, sussurrei:
- Eu te amo!
Lá fora, o vento que assoviava, de repente, como por encanto, fez ecoar na noite silenciosa, as batidas de teu coração, que repetiam:
- Eu também... eu também... eu também...
Ailton São Paulo